terça-feira, 9 de outubro de 2012

As Bandeiras da Santa Casa da Misericórdia de Aldeia Galega do Ribatejo/Montijo [Séc. XX – XXI]

2. A Bandeira Actual

Bandeira aprovada pela Irmandade, na década de 30. Desconhece-se o paradeiro ou, mesmo, se terá sido estampada.

Em 30 de Outubro de 1931, a Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Montijo deliberou pedir à Associação dos Arqueólogos Portugueses que a informasse qual o emblema e a bandeira que deveria usar «visto não possuir bandeira e o selo branco estar antiquado.»

A Misericórdia utilizava o seu antigo painel, de difícil execução e que não tinha sido criado para ser hasteado num mastro fixo e, até à implantação da república, usara o selo criado em 1768, que já se não adaptava aos novos tempos políticos porque reproduzia as armas reais.

Bandeira da Misericórdia como se conheceu.São patentes as alterações no escudo se comparadas com o original. O azul e o branco eram as cores dominantes das peças.
 Em 1928, Afonso de Dornelas, membro da Associação dos Arqueólogos Portugueses, defendeu a criação de uma nova bandeira para as Misericórdias, na qual figurassem os principais factos da sua história e da sua vida, sugerindo que a cruz e a caveira fossem aproveitadas para significar a acção da instituição, a cruz como símbolo de fé para os que vivem sofrendo e as tíbias e a caveira como símbolo de protecção até à morte.

O parecer de Afonso de Dornelas foi presente à secção de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, que o aprovou na reunião de 4 de Maio de 1932.

Pin com a reprodução das cores da bandeira.
 Nos termos do parecer, o brasão das Misericórdias devia ser constituído pela aspa do timbre de armas da Família Conteiras, a que pertencia Frei Miguel, de azul orlada de ouro, acompanhada em chefe por uma cruz alta de ouro com raios de prata e em ponta por uma caveira de prata encimando duas tíbias do mesmo metal, cruzadas em aspa.
A mesma cruz acompanhada lateralmente pelo camaroeiro de ouro, emblema da Rainha D. Leonor, e pela esfera armilar, do mesmo metal, emblema do rei D. Manuel.
A bandeira devia ser preta, por ser esta a cor heráldica representativa da modéstia, humildade e compaixão.
A aspa azul, além de ser a cor própria, heraldicamente adoptada para timbre das armas da família Contreiras, significa ainda zelo, caridade e lealdade.
O ouro para orla da aspa e para esmalte do camaroeiro, da esfera e da cruz alta significa heraldicamente a fé, a constância, o poder e a liberalidade.

Selo. Século XVIII
A Santa Casa da Misericórdia de Montijo foi uma das poucas Irmandades que aceitou o projecto, passando o Artigo 2.º do seu Compromisso a estipular que: «A Irmandade continua a ter por insígnia a bandeira da Misericórdia bem como emblema, para ser usado como selo branco e no timbre dos seus documentos, o que foi aprovado pela Secção Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses em 4 de Maio de 1932 (…)».

Desconhece-se se, na altura, a Irmandade mandou estampar a sua nova bandeira, embora tivesse mandado cunhar o novo selo.


Selo.Século XX, respeitando a descrição aprovada.
Por razões que se desconhecem, a bandeira que se passou a ser usada fora estampada com as peças e a cor adulteradas, nomeadamente, o camaroeiro. O azul e o branco passaram a ser as cores dominantes.
A Assembleia Geral da Santa Casa da Misericórdia de Montijo, realizada em 17 de Março de 2012, aprovou a nova bandeira, dando corpo à proposta de José Manuel Pedroso da Silva, concretizada por José Sesifredo Estevéns Colaço.

Estandarte actual

 
Armas – Em escudo de púrpura, uma pomba estendida de prata coroada de ouro e uma vieira de ouro, uma sobre a outra.

Num listel de prata, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras maiúsculas a negro, de estilo elzevir, SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MONTIJO.

Este ordenamento assenta sobre uma aspa de azul. Coroa mariana de ouro.

Estandarte –  De prata, com aspa firmada de azul. Escudo circular de púrpura, uma pomba estendida de prata coroada de ouro e uma vieira de ouro, uma sobre a outra, brocante, tudo envolvido num listel circular de prata, com a inscrição SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MONTIJO, em letras de negro, maiúsculas, de estilo elzevir.

Bordadura de púrpura, acantonada de ouro, com as seguintes cargas: I e IV: monograma «MI ZA» de vermelho; II: estrela de sete raios de vermelho; III: rosa de sete pétalas de vermelho, folhada de verde e abotoada de ouro.

Haste e lança de ouro, cordão e borlas de prata e azul.


Simbologia
A Pomba  –  representação milenária do Espírito Santo, é o símbolo universal da Paz e dos tempos novos da aliança dos homens com Deus. Recorda, para além da antiga Freguesia do Divino Espírito Santo de Aldeia Galega do Ribatejo, a Albergaria e Hospital do Espírito Santo, já documentado em 1489, e anexada pela Misericórdia, com base numa carta régia de D. Sebastião, datada de 13 de Outubro de 1574.
A Vieira  alude à Ordem de Sant’Iago, fixada definitivamente nesta zona, concretamente no Convento de Palmela, no ano de 1482.
A Coroa Mariana  –  afirma a protecção e realeza de Nossa Senhora
A Aspa  –  alude ao timbre das armas atribuídas à família de Frei Miguel Contreiras, tido por fundador das Misericórdias.
O Monograma MI ZA –  constitui tradição da heráldica das misericórdias.
A Estrela de sete pontas –  refere-se às sete obras de Misericórdia espirituais.
A Rosa de sete pétalas  –  refere-se às sete obras de Misericórdia temporais.
Os esmaltes significam:
O ouro  –  vigor.
A prata  –  verdade.
O azul  –  integridade.
A púrpura –  dignidade.

 

Ruky Luky

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