quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Embuste

Parque de Esatcionamento do Cais dos Vapores. O movimento do cais era o tónus vital da cidade, que agora agoniza


Quando um grupo de cidadãos de Montijo passou a exigir a realização de um referendo para que se auscultasse a população sobre a deslocalização do cais para o Seixalinho, a presidente da Câmara Municipal do Montijo considerou a iniciativa referendária um embuste.

 Embuste significa mentira artificiosa, ardil, patranha, logro; sendo Embusteiro aquele que usa o embuste, o intrujão. A boa-fé e o acrisolado bairrismo de todos quantos congregaram os seus esforços, alguns dos quais montijenses de provecta idade, não mereciam o infeliz rótulo utilizado pela edil para catalogar a iniciativa. É que nem presidente da Câmara Municipal de Montijo é(ra) a detentora da verdade, nem eu e todos os meus pares fomos (somos) embusteiros. A exigência de um referendo, que sempre produz um debate profundo, supriria a lacuna originada pela ausência de esclarecimento e surgia como uma evidência democrática e não como um embuste.

Mas a questão de fundo, que se colocava ao Partido Socialista de Montijo, era não permitir que se discutisse a deslocalização do cais para o Seixalinho, rejeitando mesmo a aceitação para discussão de uma moção da CDU, que fora presente à reunião da câmara, violando uma das regras de ouro do debate de moções em democracia.

Em Carta Aberta dirigida à presidente da câmara, a Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores denunciava: “Senhora Presidente: se o bom senso prevalecer, acreditamos que V.Exa ainda venha a ponderar e a admitir que uma decisão que contunde tão frontalmente com a História e os Interesses do Montijo não pode resultar dum conciliábulo partidário e muito menos de um conciliábulo com a Transtejo, em que V.Ex.ª é parte activa e determinante, uma vez que a deslocalização do cais para o Seixalinho não teve a honra duma decisão municipal, nem, até ao momento, de auscultação popular.»

No entanto, a presidente da câmara, Maria Amélia Antunes continuava a prometer: «a recuperação do centro histórico da cidade, na medida em que a cidade deixará de contar com actual fluxo de veículos, causador de poluição atmosférica e ruído. A possibilidade de podermos criar uma rede de transportes não poluentes. Um outro argumento de peso tem a ver com a recuperação da zona ribeirinha, transformando num espaço de lazer e de turismo por excelência.»

Promessas que estão por cumprir.

Ruky Luky



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