quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Imenso Adeus ao Cais dos Vapores

Eis um pequeno retrato de como os nossos autarcas preservam o nosso patromónio. Em 1979, a Transtejo, alegando que o arco dificultava o movimento dos carros transportados, solicitou a demolição do arco do Cais dos Vapores. A Câmara Municipal, contudo, reconheceu que «para além da sua beleza arquitectónica e antiguidade, marca uma época remota da luta pelos transportes fluviais desta vila para Lisboa e reveste-se de alto significado para a população» e deliberou expor o assunto à Assembleia Municipal, que não viu qualquer inconveniente na sua demolição. O arco foi demolido em 1982 e a partir desse ano a Transtejo deixou de transportar veículos.

1974

15.10 – Acta da Câmara Municipal“O vogal Senhor Acácio Dores informou que em catorze do corrente participara numa reunião entre representantes da Administração-Geral do Porto de Lisboa e da Sociedade Marítima de Transportes Limitada, por um lado e a comissão de utentes da carreira fluvial de Montijo, por outro. Foi igualmente discutida a hipótese do terminal ser transferido para o sítio do Seixalinho ou para qualquer outro ponto da península de Montijo, que permita não só encurtar a distância a percorrer como eliminar as deficientíssimas condições a percorrer pelos barcos. O vogal Senhor Acácio Dores solicitou ao Senhor Presidente autorização para que a Secção Técnica da Câmara proceda ao estudo dos acessos rodoviários ao sítio do Seixalinho, assim como providencie que as lamas removidas pelas dragagens sejam aproveitadas para aterrar o Cais das Faluas, actualmente sem qualquer serventia, o qual constitui um foco de emanações pestilentas que muito contribui para a poluição atmosférica da vila.”

1977

8.02 – O vereador do Partido Socialista, José Bastos, propõe, na reunião da Câmara Municipal do Montijo, o aterro do Cais das Fragatas atendendo ao estado de putrefacção em que se encontra o lodo da zona e porque os técnicos da Administração do Porto de Lisboa tinham considerado economicamente inviável a dragagem da zona e aconselhado o seu aterro.

1979

20.06 – A Transtejo, alegando que o arco dificulta o movimento dos carros transportados, solicita a demolição do arco do Cais dos Vapores. A Câmara Municipal reconhece que «para além da sua beleza arquitectónica e antiguidade, marca uma época remota da luta pelos transportes fluviais desta vila para Lisboa e reveste-se de alto significado para a população» e delibera expor o assunto à Assembleia Municipal.

25.07 – A Assembleia Municipal não vê inconveniente na demolição do Arco da Ponte Cais.
O arco é demolido e a partir de 25 de Agosto de 1982, a Transtejo deixa de transportar veículos.

Conclusão da construção da Ponte-Cais do Seixalinho, obra iniciada em 1977, destinada à descarga de mercadorias.

O "Luzitano", vapor que garantia a ligação Lisboa/Aldeia Galega do Ribatejo/Lisboa, até às primeiras décadas do século XX, atracado no Cais dos Vapores.

1982

(?) – Entrada em funcionamento do Cais do Seixalinho (cargas e descargas de cereais e materiais inertes)

1985

30.03 – A Câmara Municipal apresenta proposta de arranjo ribeirinho do acesso ao Cais dos Vapores a ser executada por fases, em três anos, incluindo aterro, projectos de especialidade e pavimentação.  

(?).04 – Construção do aterro e paredão do Cais dos Vapores

1986

2.05 – A Câmara Municipal apresenta plano de intenções para identificação e recuperação das zonas ribeirinhas de interesse cívico, recreativo e turístico, com a criação de uma zona de lazer junto ao Cais dos Vapores, construção de uma caldeira de drenagem na zona do cais das fragatas e de outra junto à fábrica da Mundet, recuperação dos moínhos de maré.

1987

5 de Março - A Câmara Municipal aprova uma proposta para consulta ao Gabinete do Arquitecto Tomás Taveira para a elaboração de um estudo prévio para a recuperação da zona ribeirinha, entre o Cais dos Vapores e o Seixalinho e a Estrada do Seixalinho e a zona urbana, harmonizando os vários factores condicionantes (CP, Porto de Lisboa, ETAR, etc,) e os anseios da população(zona de lazer, pequena marina, etc.).

22.07 – A pedido da Câmara Municipal o Laboratório Nacional de Engenharia Civil apresentou uma proposta para o estudo de viabilidade técnico-económica da execução de sistemas de retenção de água na praia-mar para depois ser lançada na baixa-mar provocando correntes de varrer. O estudo custaria três mil e duzentos contos  e seria suportado pela Câmara Municipal, pela Transtejo e pelo Laboratório, através de um protocolo a celebrar. O projecto foi aprovado pela câmara, mas o protocolo não foi assinado.

1989

18.06 – A Câmara Municipal candidata aos fundos da Operação Integrada de Desenvolvimento da Península de Setúbal o projecto de remodelação da Zona de Acesso ao Cais dos Vapores.

1991

27.03 – Jornal “Público” – «A Comissão Política do PS manifestou o seu parecer desfavorável em relação à proposta feita pela Trastejo de transferência das instalações portuárias da empresa fluvial no Montijo para o Seixalinho, que se situa nos arredores desta cidade. Segundo José Bastos, presidente dos socialistas montijenses e vereador da Câmara local, «a concretização desta hipótese traria demoras no acesso ao centro da cidade devido à necessária utilização de autocarros. A Transtejo pretende fugir à obrigação de tratar devidamente o assoreamento da cala e da conservação das margens».

21.04 – A Transtejo propõe a transferência das instalações portuárias para o Cais do Seixalinho, proposta que foi rejeitada pela Autarquia. A Câmara Municipal, além ter providenciado um estudo mais detalhado, salientou os prejuízos que se causariam aos pescadores com a destruição do braço do rio e a incompatibilidade da proposta com a obra de pavimentação do Cais dos Vapores enquadrada na Operação Integrada de Desenvolvimento da Península de Setúbal. Por seu lado, o Partido Socialista rejeitou também a proposta da Transtejo porque a sua «concretização traria demoras no acesso ao centro da cidade devido à necessária utilização de autocarros» e porque a empresa «pretendia fugir à obrigação de tratar devidamente o assoreamento da cala e da conservação das margens.»

RuKy Luky

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